terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O PÃO E O VINHO - DIZIMO


“Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo”.
Gênesis 14:18

O capítulo 7 de Hebreus trata do Sacerdócio de Cristo segundo a ordem de Melquisedeque. Como já estudamos anteriormente, a ordem sacerdotal estabelecida na lei foi a de Arão pela tribo de Levi que, na verdade, era temporária, apenas para o período da lei. A ordem de Melquisedeque é considerada em Cristo como eterna. Jesus era da ordem de Melquisedeque e não de Levi, conforme Davi escreveu profeticamente sobre o Messias:

“Jurou o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Salmo 110:4.

Na lei, o sacerdócio era apenas sombra, mas a dupla função de Melquisedeque (rei e sacerdote) apontava diretamente para a dupla atribuição de Cristo, também como Rei e Sacerdote, que é eterna.

O nome de Melquisedeque

Melquisedeque vem do hebraico que significa:

ü  Malkiy – Rei
ü  Tzadeq - Justiça

Melquisedeque era rei de Salém, palavra que originou, futuramente, o nome de Jerusalém, que era a cidade da paz.

ü  Salém – Paz

“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da matança dos reis, e o abençoou, a quem também Abraão separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz)”.
Hebreus 7:1,2

Salém também deu origem no hebraico à palavra “Shallom” que, ao mesmo tempo, pode-se traduzir como “paz” ou “prosperidade”. A saudação hebraica Shallom Adonai queria dizer tanto a Paz do Senhor, como a Prosperidade do Senhor.

Jesus nos disse onde poderíamos encontrar a prosperidade para a nossa vida, quando nos revelou a fonte:
“Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Mateus 6:31-33

O reino de Deus é de justiça e, por isso, devemos buscá-lo; também é de paz, porque nele está a prosperidade (a provisão de todas as áreas da nossa vida). A paz e a prosperidade se conciliam diante do propósito do reino. Podemos ver que o texto primeiro aponta para a ansiedade, a inquietude, para depois mostrar onde está a solução para essa falta de paz: na prosperidade (paz) promovida pela justiça do reino. Melquisedeque é um tipo de Cristo no seu reino, como Rei de justiça e paz (prosperidade).

O presente de Melquisedeque

Abraão estava chegando da guerra quando se encontrou com Melquisedeque. Foi um encontro, aparentemente, recheado de fatos normais e quase que comum para a época, com saudação típica de dois homens tementes a Deus, apesar de ambos serem de culturas diferentes.

Abraão, ao se encontrar com o rei e sacerdote, recebeu dele pão e vinho. Era um alimento comum à época, que durou por vários séculos (Juízes 19:19), inclusive até o tempo de Jesus. O patriarca também retribuiu a gentileza ao receber o presente e a bênção, dando ao sacerdote o dízimo de tudo o que havia ganhado. Vejamos o que isso representa.

O pão e o vinho

Jesus nos deixou apenas dois rituais para serem cumpridos na graça: o batismo nas águas e a santa ceia. O segundo nos indica três direções: a primeira, o memorial do seu sacrifício na cruz; a segunda, o nosso olhar de avaliação pessoal ao nos julgarmos para participarmos da ceia; a terceira, para a sua vinda que está prometida.

Jesus, em sua última noite com os seus discípulos, escolheu dois elementos para representarem o seu sacrifício, que eram o pão e o vinho (Mt. 26:26-28; Mc. 14:22-24). Alimentos comuns também naquela época. Tanto o pão, quanto ao vinho, já faziam parte de um contexto profético, desde Melquisedeque com Abraão, passando pela sua injeção na festa da páscoa, quando Israel saiu do Egito com Moisés, até chegar à noite de páscoa de Jesus com os seus discípulos. Então, o pão e o vinho tinham uma aplicação dupla:

ü  Páscoa (significa: passagem) – como alimento da páscoa, o pão e o vinho tinham uma significância importante para a salvação. Representavam a passagem de um povo escravo para a liberdade. Foi exatamente isso que Jesus fez por nós, com o seu sacrifício, dilacerando a sua carne (pão) e derramando o seu sangue inocente (vinho) para nos fazer livres da escravidão do pecado. Por esta razão, a páscoa também apontava para o sacrifício de Cristo.
ü  O presente de Melquisedeque Melquisedeque era uma figura de Cristo, conforme já vimos através do escritor aos Hebreus, como rei e sacerdote. Quando essa figura de Cristo chegou a Abraão e o presenteou com pão e vinho, não era somente para cumprir com um costume ou tradição, era uma figura simbólica do maior presente que poderíamos receber: o sacrifício de Jesus. Assim como na última noite de Jesus com os seus discípulos, ele deu o pão e o vinho para que simbolizassem o seu sacrifício. Da mesma forma, Melquisedeque também presenteou Abraão com o mesmo símbolo.

O dízimo

Melquisedeque deu ao patriarca o pão e o vinho e em seguida o abençoou. Abraão, como resposta a isso, deu-lhe o dízimo de tudo. Quando Jesus morreu na cruz, nos deu o pão (seu corpo) e o vinho (o seu sangue) e nos abençoou com a salvação. Por isso, somos chamados de benditos do Pai.

“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Mateus 25:34

Fomos beneficiados pelo sacrifício de Cristo e participamos da santa ceia como memorial disso, mas ainda vai mais além:

ü  O corpo – o corpo de Jesus partido, rasgado, dilacerado, nos abriu um caminho que nos leva a Deus: “Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”. Hebreus 10:20. Jesus pela sua carne (o pão – I Co 11:23,24), nos leva por um caminho vivo (ele mesmo) ao Pátio do Santuário, rasgando o véu da separação que havia no Lugar Santo até chegarmos ao Lugar Santíssimo, onde está a real presença de Deus. Quando Melquisedeque (figura de Cristo) deu pão à Abraão, estava simbolizando, de forma profética, a  Cristo, que também nos daria esse pão (a sua carne que nos abre o acesso ao Pai).
ü  O sangue – o vinho é o símbolo do sangue de Jesus derramado para a nossa remissão (lavagem, limpeza). Quando Jesus morreu, o seu sangue derramado nos deu a purificação dos nossos pecados: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”. Colossenses 1:14. E este sangue, nos dá a ousadia para entrarmos diante de Deus (sem o sangue seríamos passivos de morte), sem que o inimigo tenha nenhum poder de nos acusar. Isso se chama remissão e justificação. “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus” Hebreus 10:19. Melquisedeque, ao presentear a Abraão com o vinho, estava, profeticamente, fazendo o que Jesus fez por nós, nos deu do vinho (sangue) que nos resgataria para sermos a propriedade exclusiva de Deus: “O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”. Efésios 1:14

O dízimo de Abraão foi dado depois do presente do pão e do vinho, que apontavam para o sacrifício de Cristo, que no Novo Testamento eram simbolizados também pelos mesmos elementos. Por isso, o escritor aos Hebreus, no capítulo 7, mencionou a ordem sacerdotal de Levi como sendo temporária e a ordem de Melquisedeque como sendo eterna em Cristo. O dízimo também foi lembrado, como sendo da lei para os levitas, e na ordem de Melquisedeque, por gratidão e reconhecimento do seu senhorio (rei) e sacerdócio (abençoador).

Se acreditarmos que Jesus é o nosso Rei e Sacerdote, conforme o escritor aos Hebreus nos apresenta, e aquele que veio ao nosso encontro, nos dando do seu pão (corpo) e do seu vinho (sangue), e reconhecermos seu Senhorio, não teremos nenhuma dificuldade de responder como Abraão, que é o nosso modelo de se praticar o dízimo, e fazer a mesma coisa.

Deus nos chamou para o seu reino de paz e prosperidade, e gerou em nós a sua identidade. Se quisermos viver sob a bênção, precisamos nos mover nas ferramentas do reino, porque em Cristo participamos do propósito dEle para a igreja, que é o seu corpo vivo na terra. Nele, exercemos lugar no reino e no sacerdócio. Praticar o dízimo, por exemplo, faz parte desta ferramenta do reino, através dos princípios da gratidão e do reconhecimento.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
 1 Pedro 2:9

Estar no reino é estar sob o Senhorio de Cristo. Dar o dízimo é reconhecer esse Senhorio. O propósito do dízimo se torna o propósito do Rei e do seu reino – ganhar almas, anunciar as suas virtudes, etc. Como igreja, temos tanto a responsabilidade de trabalhar neste projeto do reino, quanto de sustentá-lo também. A maneira correta para isso (apesar das ofertas, que não é o nosso tema agora) é praticando o dízimo por gratidão e reconhecimento.

Que o Senhor nos conduza à gloriosidade dos seus planos em honra!

REI E SACERDOTE - DIZIMO


 “Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo”.
Gênesis 14:18-20

Abraão acabara de voltar de uma guerra. Havia vencido quatro reis e resgatado o seu sobrinho Ló com toda a sua família. Era um momento de bonança, pois a vitória dava-lhe o direito de levar consigo todos os despojos dos reis derrotados, fazendo dele mais rico ainda do que já era.

No caminho de regresso, encontrou Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo. Este o abençoou com pão e vinho, e lhe disse: “bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos!”. Em seguida, Abraão deu-lhe o dízimo de tudo.

Para entendermos melhor o conteúdo desta história precisamos contextualizá-la com o que a Bíblia diz sobre as ordens sacerdotais. Só então, poderemos assimilar a profundidade do assunto que tem mexido e até mesmo levado muita gente a desacreditar na verdade sobre o ato de dizimar.

Ordem Sacerdotal

Melquisedeque é mencionado como o único, no Antigo Testamento, a trazer em sua ordem uma dupla função: rei e sacerdote. Em Gênesis 14:18, ele é mencionado como rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, e Abraão o reconheceu como enviado de Deus para abençoá-lo. Esta é a primeira ordem sacerdotal, a de Melquisedeque.

Mais de 600 anos depois, no tempo de Moisés, o sacerdócio foi oficializado na tribo de Levi, quando Deus separou essa tribo para exercer o serviço do Tabernáculo (Tenda da Congregação) e administrar as questões das festas sagradas e dos sacrifícios. Esta é a segunda ordem sacerdotal chamada de Araônica, porque começou com Arão.

“Também para os filhos de Arão farás túnicas; e far-lhes-ás cintos; também lhes farás tiaras, para glória e ornamento. E vestirás com eles a Arão, teu irmão, e também a seus filhos, e os ungirás e consagrarás, e os santificarás, para que me administrem o sacerdócio”.
Êxodo 28:40,41

“Mas, tu, põe os levitas sobre o tabernáculo do Testemunho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre tudo o que lhe pertence; eles levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o administrarão e assentarão o seu arraial ao redor do tabernáculo. E, quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e, quando o tabernáculo assentar no arraial, os levitas o armarão; e o estranho que se chegar morrerá."

Números 1:50,51
“E Arão moverá os levitas por oferta de movimento perante o SENHOR pelos filhos de Israel; e serão para servirem no ministério do SENHOR”.
Números 8:11

Essa ordem não era mais a de Melquisedeque, mas a de Arão, o irmão do meio de Moisés que era levita e foi escolhido por Deus para levantar a ordem sacerdotal no tempo da lei. Nesse contexto, o sacerdócio não tinha uma função dupla, mas somente a do serviço no Tabernáculo. A ordem Araônica se encerrou na cruz, quando Jesus cumpriu com toda a lei e aboliu a prática ritualista do Antigo Testamento, instituindo o tempo da graça.

“Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê”.
Romanos 10:4

Para que houvesse uma justificação (ser inocentado da culpa, ser feito justo) o homem precisava cumprir com todo o ritual e cerimonial da lei, através dos sacrifícios e das festas sagradas. Mas Cristo deu fim a isso quando morreu na cruz do Calvário e cumpriu com toda a lei de uma vez por todas, justificando o homem pelo Seu próprio sacrifício. Na lei, o homem se justificava pelas obras da lei; na graça, o homem se justifica pela fé em Cristo.

Ordem real

Já o reino de Israel não ficou com Levi, começou com a tribo de Benjamim quando Israel pediu um rei para si, fazendo de Saul o seu primeiro rei.

“Ora, havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, filho dum benjamita; era varão forte e valoroso. Tinha este um filho, chamado Saul, jovem e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo de que ele; desde os ombros para cima sobressaía em altura a todo o povo”.
1 Samuel 9:1,2

“Mas vós hoje rejeitastes a vosso Deus, àquele que vos livrou de todos os vossos males e angústias, e lhe dissestes: Põe um rei sobre nós. Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, segundo as vossas tribos e segundo os vossos milhares. 0 endo, pois, Samuel feito chegar todas as tribos de Israel, foi tomada por sorte a tribo de Benjamim.
E, quando fez chegar a tribo de Benjamim segundo as suas famílias, foi tomada a família de Matri, e dela foi tomado Saul, filho de Quis; e o procuraram, mas não foi encontrado. Pelo que tornaram a perguntar ao Senhor: Não veio o homem ainda para cá? E respondeu o Senhor: Eis que se    escondeu por entre a bagagem: Correram, pois, e o trouxeram dali; e estando ele no meio do povo, sobressaía em altura a todo o povo desde os ombros para cima.
Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o Senhor escolheu: Não há entre o povo nenhum semelhante a ele. Então todo o povo o aclamou, dizendo: Viva o rei!”.
1 Samuel 10:19-24

Posteriormente, esse reino foi mudado para a tribo de Judá quando Samuel ungiu Davi como rei.

“Então Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi. Depois Samuel se levantou, e foi para Ramá”.
1 Samuel 16:13

“Antes escolheu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava. Edificou o seu santuário como os lugares elevados, como a terra que fundou para sempre. Também escolheu a Davi, seu servo, e o tirou dos apriscos das ovelhas; de após as ovelhas e suas crias o trouxe, para apascentar a Jacó, seu povo, e a Israel, sua herança”.
Salmo 78:68-71

Desta maneira, o reino também ficou estabelecido no tempo da lei, em um formato diferente da dupla função de Melquisedeque. A partir dela (a lei), o sacerdócio estava com a tribo de Levi começando por Arão e, na instituição do reino, a tribo de Judá recebeu a incumbência, começando por Davi, por onde se contou a genealogia de Jesus. Por isso, Jesus era chamado de filho de Davi.

Temos um quadro contextualizado do sacerdócio e do reino que deixaram de ser da linhagem de Melquisedeque e passaram a ser regidos pela lei, através das tribos de Israel, principalmente as tribos de Levi (sacerdócio Araônico) e Judá (linhagem real Davidica).

O Dízimo

O dízimo de Abrão foi dos despojos que havia trazido da guerra, entregue à Melquisedeque, o rei e sacerdote, que na simbologia bíblica é uma figura de Cristo. Abraão separou de tudo o que tinha e simplesmente o entregou pelo princípio da gratidão e do reconhecimento. Era uma forma de ser agradecido ao Senhor pelo livramento e pela conquista. Como consequência da atitude de Abraão, Melquisedeque deu a ele a bênção, pão e vinho. Lembre-se de que aqui, o dízimo não era regulamentado, ou seja, não era lei, era um ato de princípio.

No ato de dizimar, Abraão estava reconhecendo o sacerdócio de Melquisedeque e se submetendo ao seu senhorio; reconheceu a sua figura de autoridade. Por isso, Melquisedeque o correspondeu com a bênção. Quando dizimamos, estamos cumprindo com o mesmo princípio de Abraão ao entregar o seu dízimo a Melquisedeque, porque este prefigura a pessoa de Cristo.

Melquisedeque tinha uma dupla função que não foi seguida no período da lei, mas Cristo resgatou essa dupla função em si mesmo, sendo Ele Rei e Sacerdote.

O Dízimo na Epístola aos Hebreus

O Novo Testamento não fala muito sobre o dízimo, mas menciona o suficiente para compreendermos o propósito de Deus para com os cristãos. Veremos que, apesar de estarem incluídos na lei de Moisés, os princípios (não é o formato do tempo da lei) do dízimo vigoram até hoje.

Muitas pessoas confundem a questão da aplicação do dízimo no Novo Testamento, justamente porque não conseguem fazer a separação dos formatos do dízimo em toda a Bíblia. Apesar dos formatos no Antigo Testamento serem diferentes, o princípio do dízimo permaneceu o mesmo. Por isso, quando falamos de dizimar hoje, precisamos estar atentos ao formato que aplicamos, para não cairmos no erro de aplicar somente o que era concernente à lei.

Jesus chegou a mencionar o dízimo quando repreendeu os fariseus:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas”.
Mateus 23:23

Jesus estava ensinando que o dízimo estava em vigor, mas que não substituía o caráter no que tange ao servir e a espiritualidade genuína. Alguém pode até afirmar que Jesus ainda não havia morrido na cruz e, por isso, a lei do dízimo ainda estava em vigor. Isso é verdade. Por isso, ele tratou do assunto dízimo, mencionando também a lei. O seu foco, neste texto especificamente, era tratar com o caráter de servo dos fariseus, que julgavam cumprir a lei, mas o faziam de forma fria e sem espiritualidade.

Já na segunda vez que o dízimo é mencionado no Novo Testamento, o escritor aos Hebreus não tratou o dízimo no formato da lei, mas no formato em que Abraão havia dado o dízimo a Melquisedeque. Pelo princípio da gratidão e do reconhecimento, entendendo a sua autoridade como rei e sacerdote.

“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da matança dos reis, e o abençoou, a quem também Abraão separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz)”.
Hebreus 7:1,2

O dízimo de Abraão representava o nosso dízimo a Cristo, pois ele é o único no Novo Testamento que leva sobre si as duas funções: rei e sacerdote. E fica bem claro que isso não vem da linhagem de Levi, mas de Melquisedeque.


“Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Hebreus 7:17

No Novo Testamento, não se eliminou o dízimo, só se restaurou o princípio de Abraão ao dizimar a Melquisedeque. Jesus como rei e sacerdote, simplesmente mudou a lei, ou seja, deu um novo formato ao dízimo, não sendo mais no formato da lei mosaica.
           
“Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.
Hebreus 7:12

Quando entregamos o dízimo, estamos cumprindo com o princípio de Abraão. Estamos reconhecendo o Senhorio de Jesus como o nosso Rei e nos beneficiando das suas bênçãos como Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.

UM PROJETO DE DEUS


“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos”.
2 Coríntios 8:9


Existem muitas linhas de pensamento e teorias que pregam sobre a prosperidade de forma desafiadora, empolgante e algumas até mesmo ilusórias. Não é esse o meu interesse em explanar sobre o assunto, mas ensinar, de forma clara e objetiva, que Deus desenhou um projeto para o nosso bem estar.

Paulo estava tratando de contribuição financeira no capítulo 8 da sua segunda carta aos Coríntios e contando a sua experiência na Macedônia e como foi suprido pela generosidade dos irmãos daquela região. Muitos deles não sabiam das provisões que o apóstolo havia recebido de Deus através de muitas pessoas que se esforçaram para que isso acontecesse (2 Co 8:1-3).

Paulo fala de prosperidade em todo o capítulo com várias aplicações para a palavra:

ü  Abundância do gozo e riqueza de generosidade – v. 2
ü  Das posses que possuíam e da espontaneidade em doar – v. 3
ü  Da abundância de fé, amor, zelo, ciência, palavra e graça – v. 7

Tudo isso caracterizava a prosperidade que aquele povo possuía diante de Deus e sabia usar a cada uma no serviço do reino, sustentando e suprindo as necessidades dos discípulos que lhes eram enviados ali.

No verso 8, Paulo revela um projeto extraordinário de Deus: prosperar o seu povo através do conhecimento da graça e do propósito da vinda e sacrifício de Jesus.

Conhecer a graça

“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo...”.

Os nossos irmãos na Grécia, no tempo de Paulo, estavam empenhados em cumprir o propósito da evangelização e trabalhavam no reino de Deus de forma destemida, alcançando principalmente uma classe mais necessitada de pessoas. A igreja em Corinto não era abastada financeiramente, mas, ao mesmo tempo, não perdia nenhum tempo com queixas e murmurações como se fosse esquecida por Deus.

Paulo nos mostra que esse povo conhecia uma verdade fundamental e determinante para a prosperidade: a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Enquanto muitos buscam a prosperidade através de mecanismos, os crentes de Corinto entendiam que tudo era fruto da graça. Por isso, muitas pessoas dão o dízimo e entregam ofertas e não se alavancam nas suas vidas financeiras, porque só estão preocupadas com o mecanismo, mas o verdadeiro dízimo e a verdadeira oferta são aqueles dados sob os princípios da graça.

Quando nós entregamos o dízimo, conscientes de que tudo pertence ao Senhor, damos pelo princípio da gratidão (você vai ver mais sobre isso no nono dia). Não damos porque é um mecanismo que nos fará prosperar. A prosperidade, no contexto da graça, torna-se uma mera consequência, pois, a graça nos conduz ao resultado por meio do qual nos movemos sob o seu verdadeiro princípio. Graça é o favor de Deus a nós sem que tenhamos mérito algum.

Quando alguém contribui financeiramente porque quer acionar o mecanismo, está agindo por fruto do seu ego, da sua vaidade, da sua conveniência e até mesmo da sua necessidade, como sendo um meio de barganha com Deus. A maneira correta de fazê-lo é através do reconhecimento da graça de Jesus; Ele nos deu porque Ele é bom e por isso somos fiéis com os nossos dízimos. A nossa gratidão define o caráter do nosso dízimo e a graça determina a nossa prosperidade.

É bem verdade que o dízimo e a oferta são acompanhados por definições claras de bênçãos, mas a nossa motivação em contribuir é a nossa gratidão. Quando dizimamos em gratidão pela bondade de Deus, a graça se move em nosso favor e nos beneficia com as promessas que se seguem ao ato de dar. É bem melhor ser próspero pelo conhecimento da graça que ficar comprando bênçãos com atitude de tolos.

A bênção da substituição

“... que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre...”.

Você já imaginou Jesus, o Rei de glória e Senhor de todas as coisas, se preparando para despojar-se de todo o seu esplendor divino, saindo do absoluto para o temporal, da eternidade para o findável, do imensurável para os limites de um pequeno planeta, da soberania para a sujeição, do ser superior para uma forma humana, do alto e sublime trono para uma cruz? Consegue imaginar tudo isso? É claro que sim, e muito mais! Infelizmente, o nosso vocabulário é pobre para expressar tamanha atitude, tamanha renúncia!

Isso só aconteceu porque ele tinha um projeto: a nossa salvação. Dentro deste projeto, está desenhado o formato, o canal da nossa prosperidade, a graça. Enquanto a condenação deveria ser para nós, Ele se colocou em nosso lugar para nos dar a bênção da substituição.

A escassez não é projeto de Deus para ninguém, muito menos para a sua igreja! Esse tema é colocado no contexto bíblico como fruto de desobediência, provação, circunstância ou até mesmo maldição, mas nunca como propósito de Deus para o seu povo. Temos inúmeros exemplos de fatos na história bíblica que mostram Deus prosperando o seu povo para o Seu propósito ser cumprido. Deus deseja tanto nos ver prósperos que Jesus se fez pobre em nosso lugar.

Precisamos renovar a nossa mente. Não podemos ser conformados com a pobreza em nós. Deus, pela graça, vai nos conduzir aos resultados de crescimento. Nós não podemos pagar pelo que Jesus já pagou. Circunstancialmente podemos até sofrer alguma coisa nesse sentido, mas não podemos permanecer como se fosse o nosso estilo de vida, pois o Senhor já mudou a nossa história.

Se a substituição de Jesus teve o poder de nos salvar, ela é poderosa o suficiente para nos prosperar. A substituição na cruz não nos favorece unicamente na salvação, mas também na prosperidade.

O poder da transferência

“... para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos”.

A maioria das pessoas, quando falam de Jesus na cruz, só consegue ver o seu poder salvador, mas o sacrifício de Cristo nos revela a graça. A graça nos alcança também na prosperidade, através do poder da transferência. Jesus morreu e transferiu para todos os que nEle crêem o resultado da prosperidade. Não é um resultado solto e irresponsável, mas movido pelo princípio da graça. Quando entregamos os nossos dízimos por gratidão a Deus, por sua bondade e reconhecimento do seu Senhorio, alcançamos tal resultado.

Não podemos cair no erro de não dizimarmos com a escusa de que na graça não precisamos fazê-lo (você vai ver no décimo dia que o dizimo também está ligado com o sacrifício de Jesus). O dízimo é o meio pelo qual demostramos a nossa fé na graça. Assim como somos batizados nas águas para confissão pública de fé, damos o dízimo para declaração de gratidão pelo cuidado e provisão do Senhor através da sua graça.

Jesus se fez pobre, foi criado em uma cidade pobre e morreu como se fosse pobre para nos transferir o seu enriquecimento. Não temos outro caminho garantido de bênção financeira se não estivermos ligados ao sacrifício de Jesus.

Estamos no reino de Deus. A forma e a condição com que vivemos determinam a qualidade e o nível desse reino. Não podemos viver no reino de Deus como se estivéssemos em um lugar de submundo. Deus é próspero e abundante, o seu reino é prospero e abundante. Não há razões para nos enclausurarmos em nosso mundo de mesquinhez e egocentrismo enganoso do nosso próprio conceito e rejeitarmos essa verdade maravilhosa da graça, onde simplesmente somos enriquecidos por que Cristo se fez pobre por nós na cruz, onde somos abençoados pelo poder da transferência. Dar o dízimo, em um contexto desses, não passa de uma profunda gratidão ao Rei.