“Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe
pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo”.
Gênesis 14:18
Gênesis 14:18
O capítulo 7 de Hebreus trata do
Sacerdócio de Cristo segundo a ordem de Melquisedeque. Como já estudamos
anteriormente, a ordem sacerdotal estabelecida na lei foi a de Arão pela tribo
de Levi que, na verdade, era temporária, apenas para o período da lei. A ordem
de Melquisedeque é considerada em Cristo como eterna. Jesus era da ordem de
Melquisedeque e não de Levi, conforme Davi escreveu profeticamente sobre o
Messias:
“Jurou
o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque”.
Salmo
110:4.
Na lei, o sacerdócio era apenas
sombra, mas a dupla função de Melquisedeque (rei e sacerdote) apontava
diretamente para a dupla atribuição de Cristo, também como Rei e Sacerdote, que
é eterna.
O
nome de Melquisedeque
Melquisedeque vem do hebraico que
significa:
ü Malkiy
– Rei
ü Tzadeq
- Justiça
Melquisedeque era rei de Salém,
palavra que originou, futuramente, o nome de Jerusalém, que era a cidade da
paz.
ü Salém
– Paz
“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote
do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da
matança dos reis, e o abençoou, a quem também Abraão separou o
dízimo de tudo (sendo primeiramente,
por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém,
que é rei de paz)”.
Hebreus 7:1,2
Salém também deu origem no
hebraico à palavra “Shallom” que, ao mesmo tempo, pode-se traduzir como “paz”
ou “prosperidade”. A saudação hebraica Shallom Adonai queria dizer tanto a Paz
do Senhor, como a Prosperidade do Senhor.
Jesus nos disse onde poderíamos
encontrar a prosperidade para a nossa vida, quando nos revelou a fonte:
“Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que
comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas
coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a
sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Mateus
6:31-33
O reino de Deus é de justiça e,
por isso, devemos buscá-lo; também é de paz, porque nele está a prosperidade (a
provisão de todas as áreas da nossa vida). A paz e a prosperidade se conciliam
diante do propósito do reino. Podemos ver que o texto primeiro aponta para a
ansiedade, a inquietude, para depois mostrar onde está a solução para essa
falta de paz: na prosperidade (paz) promovida pela justiça do reino. Melquisedeque
é um tipo de Cristo no seu reino, como Rei de justiça e paz (prosperidade).
O
presente de Melquisedeque
Abraão estava chegando da guerra
quando se encontrou com Melquisedeque. Foi um encontro, aparentemente, recheado
de fatos normais e quase que comum para a época, com saudação típica de dois
homens tementes a Deus, apesar de ambos serem de culturas diferentes.
Abraão, ao se encontrar com o rei
e sacerdote, recebeu dele pão e vinho. Era um alimento comum à época, que durou
por vários séculos (Juízes 19:19), inclusive até o tempo de Jesus. O patriarca
também retribuiu a gentileza ao receber o presente e a bênção, dando ao
sacerdote o dízimo de tudo o que havia ganhado. Vejamos o que isso representa.
O
pão e o vinho
Jesus nos deixou apenas dois
rituais para serem cumpridos na graça: o batismo nas águas e a santa ceia. O
segundo nos indica três direções: a primeira, o memorial do seu sacrifício na
cruz; a segunda, o nosso olhar de avaliação pessoal ao nos julgarmos para
participarmos da ceia; a terceira, para a sua vinda que está prometida.
Jesus, em sua última noite com os
seus discípulos, escolheu dois elementos para representarem o seu sacrifício,
que eram o pão e o vinho (Mt. 26:26-28; Mc. 14:22-24). Alimentos comuns também naquela
época. Tanto o pão, quanto ao vinho, já faziam parte de um contexto profético,
desde Melquisedeque com Abraão, passando pela sua injeção na festa da páscoa,
quando Israel saiu do Egito com Moisés, até chegar à noite de páscoa de Jesus
com os seus discípulos. Então, o pão e o vinho tinham uma aplicação dupla:
ü Páscoa (significa: passagem) – como
alimento da páscoa, o pão e o vinho tinham uma significância importante para a
salvação. Representavam a passagem de um povo escravo para a liberdade. Foi
exatamente isso que Jesus fez por nós, com o seu sacrifício, dilacerando a sua
carne (pão) e derramando o seu sangue inocente (vinho) para nos fazer livres da
escravidão do pecado. Por esta razão, a páscoa também apontava para o
sacrifício de Cristo.
ü O presente de Melquisedeque –
Melquisedeque era uma figura de Cristo, conforme já
vimos através do escritor aos Hebreus, como rei e sacerdote. Quando essa figura
de Cristo chegou a Abraão e o presenteou com pão e vinho, não era somente para
cumprir com um costume ou tradição, era uma figura simbólica do maior presente que
poderíamos receber: o sacrifício de Jesus. Assim como na última noite de Jesus
com os seus discípulos, ele deu o pão e o vinho para que simbolizassem o seu
sacrifício. Da mesma forma, Melquisedeque também presenteou Abraão com o mesmo
símbolo.
O
dízimo
Melquisedeque deu ao patriarca o
pão e o vinho e em seguida o abençoou. Abraão, como resposta a isso, deu-lhe o
dízimo de tudo. Quando Jesus morreu na cruz, nos deu o pão (seu corpo) e o
vinho (o seu sangue) e nos abençoou com a salvação. Por isso, somos chamados de
benditos do Pai.
“Então
dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí
por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Mateus
25:34
Fomos beneficiados pelo
sacrifício de Cristo e participamos da santa ceia como memorial disso, mas
ainda vai mais além:
ü O corpo – o
corpo de Jesus partido, rasgado, dilacerado, nos abriu um caminho que nos leva
a Deus: “Pelo novo e vivo caminho que ele
nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”. Hebreus 10:20. Jesus pela
sua carne (o pão – I Co 11:23,24), nos leva por um caminho vivo (ele mesmo) ao
Pátio do Santuário, rasgando o véu da separação que havia no Lugar Santo até
chegarmos ao Lugar Santíssimo, onde está a real presença de Deus. Quando
Melquisedeque (figura de Cristo) deu pão à Abraão, estava simbolizando, de
forma profética, a Cristo, que também
nos daria esse pão (a sua carne que nos abre o acesso ao Pai).
ü O sangue –
o vinho é o símbolo do sangue de Jesus derramado para a nossa remissão
(lavagem, limpeza). Quando Jesus morreu, o seu sangue derramado nos deu a
purificação dos nossos pecados: “Em quem
temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”. Colossenses
1:14. E este sangue, nos dá a ousadia para entrarmos diante de Deus (sem o
sangue seríamos passivos de morte), sem que o inimigo tenha nenhum poder de nos
acusar. Isso se chama remissão e justificação. “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de
Jesus” Hebreus 10:19. Melquisedeque, ao presentear a Abraão com o vinho,
estava, profeticamente, fazendo o que Jesus fez por nós, nos deu do vinho
(sangue) que nos resgataria para sermos a propriedade exclusiva de Deus: “O qual é o penhor da nossa herança, para
redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”. Efésios 1:14
O dízimo de Abraão foi dado
depois do presente do pão e do vinho, que apontavam para o sacrifício de Cristo,
que no Novo Testamento eram simbolizados também pelos mesmos elementos. Por
isso, o escritor aos Hebreus, no capítulo 7, mencionou a ordem sacerdotal de Levi
como sendo temporária e a ordem de Melquisedeque como sendo eterna em Cristo. O
dízimo também foi lembrado, como sendo da lei para os levitas, e na ordem de
Melquisedeque, por gratidão e reconhecimento do seu senhorio (rei) e sacerdócio
(abençoador).
Se acreditarmos que Jesus é o
nosso Rei e Sacerdote, conforme o escritor aos Hebreus nos apresenta, e aquele
que veio ao nosso encontro, nos dando do seu pão (corpo) e do seu vinho
(sangue), e reconhecermos seu Senhorio, não teremos nenhuma dificuldade de
responder como Abraão, que é o nosso modelo de se praticar o dízimo, e fazer a
mesma coisa.
Deus nos chamou para o seu reino
de paz e prosperidade, e gerou em nós a sua identidade. Se quisermos viver sob
a bênção, precisamos nos mover nas ferramentas do reino, porque em Cristo
participamos do propósito dEle para a igreja, que é o seu corpo vivo na terra.
Nele, exercemos lugar no reino e no sacerdócio. Praticar o dízimo, por exemplo,
faz parte desta ferramenta do reino, através dos princípios da gratidão e do
reconhecimento.
“Mas
vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”.
1 Pedro 2:9
Estar no reino é estar sob o
Senhorio de Cristo. Dar o dízimo é reconhecer esse Senhorio. O propósito do
dízimo se torna o propósito do Rei e do seu reino – ganhar almas, anunciar as
suas virtudes, etc. Como igreja, temos tanto a responsabilidade de trabalhar
neste projeto do reino, quanto de sustentá-lo também. A maneira correta para
isso (apesar das ofertas, que não é o nosso tema agora) é praticando o dízimo
por gratidão e reconhecimento.